"Ocorre entre o período de 28 a 30 anos, aproximadamente, e indica o primeiro passo rumo à maturidade. Esta fase, que dura 2 anos, nem sempre é vivida com alegria; na verdade, passamos a olhar para a vida por uma nova perspectiva. É uma época de separação e de definição da qualidade da vida emocional. É o momento de reavaliar os valores íntimos. O indivíduo questiona todas as informações que recebeu e como estruturou sua vida.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
Os rumos infelizes da minha carreira profissional.
Assim tenho vivido minha vida já a alguns anos. Minha cabeça sempre nesse turbilhão de pensamentos e a dificuldade de colocar a prática e de concluir as coisas também é uma constante.
Uma vez trabalhava numa grande empresa de artigos esportivos e fui promovido para um setor bem mais bacana que eu queria muito. Na ocasião trabalhava 6h/dia e nesta nova posição seria em horário comercial. Eu não sabia da existência do TDAH nessa época e ia enfrentando meus demônios sozinho tentando elaborar como era possível na época sobre o motivo de ser assim.
Enfim, chegando neste novo setor eu tive meu "primeiro encontro" digamos assim "face to face" com o Tdah. Ali eu comecei a perceber que algo estava errado comigo pois eu simplesmente não conseguia ficar dentro daquele escritório, não conseguia me concentrar de forma alguma, eu de fato era inapto a aquela função de certa forma, mesmo com extremo esforço de minha parte pois era algo que eu queria muito e lutei para conseguir.
Meus poucos dias neste setor foram desastrosos. eu quase dormia com as explicações do trabalho repetitivo que diria fazer, tinha um sono incontrolável e ao mesmo tempo uma inquietude que não me deixava ficar parado na cadeira. Estava sempre me levantando para tentar "resetar" aquelas sensações incontroláveis que eu não queria que fossem minhas. Tudo em vão! eu queria fugir dali antes que tudo fosse aos ares.
Ficava minutos olhando para a janela viajando em milhares de outras idéias e pensamentos, queria estar fora dali.
O resultado foi que tudo foi um fracasso e considero isso uma das grandes falhas e decepções que já tive na vida. Me senti menor, incapaz, diferente, pior que os outros...enfim um vagabundo. Cheguei a essa conclusão na época inclusive. Que eu era um vagabundo, só podia ser! Todas aquelas pessoas (sem arrogância, mas algumas muito menos capazes e inteligentes que eu) conseguiam levar aquela rotina facilmente e só eu que não? Foi muito ruim e acabei infelizmente saindo de lá...
Após esse acontecimento perdi muito da minha auto-confiança e passei a acreditar piamente que não era capaz de assumir uma vaga numa empresa por causa dessa minha "inaptidão" ao trabalho, apesar de ter plena consciência que sou um bom profissional.
Mas como não podemos desistir procurei novamente após um tempo um emprego e foi quando consegui uma entrevista em uma empresa de assessoria para empresários onde eu iria realizar tarefas administrativas. Para minha sorte a carga horária era de seg a sab meio período o que me ajudou mas não solucionou. Tive momentos geniais e de rendimento super positivos (geralmente quando estava fazendo algo que gostava, o que para um tdah é a chave para a concentração) que chamaram a atenção da empresa, mas a inquietação, procrastinação e falta de concentração me renderam também diversos feedbacks negativos e etc, mas ainda assim tinha um emprego.
Sempre fui muito criativo e após alguns meses fui promovido a gestor da área e junto com isso, veio o fantasma de estar preso a um computador por muito mais tempo e ainda tendo que organizar o meu trabalho e gerir o dos outros. Bom no começo foi bom mas logo perdi o interesse e tudo acabou indo por água abaixo também...inventei desculpas e mais desculpas para não querer estar naquela posição e acabei saindo.
Esta semana consegui uma oportunidade de trabalho e também não deu certo. O mais incrível é que foi a primeira entrevista e eu já consegui emprego de cara...aliás comigo sempre tive essa sorte em arrumar, o problema sou eu mesmo...
Fiquei muito chateado pois eu queria apesar de não ser o emprego dos meus sonhos. Eu estava motivado a não procrastinar, me dedicar e provar que sou capaz de me concentrar e me focar (mesmo que com ajuda de medicamentos) acho que até estava conseguindo isso tomando um ansiolítico (Rivotril, reluto em tomar Ritalina por medo do que li na internet).
Eu havia colocado na cabeça que ia conseguir, que não era possível eu ser assim para sempre, esse transtorno não é invencível. Me empenhei, comecei a tentar controlar a insônia e dormir cedo para ajustar o horário e não chegar atrasado (tudo isso antes de arrumar a entrevista), decidi não fazer nada que me tirasse a concentração e principalmente, disse para mim mesmo que ia fazer o esforço que fosse necessário e que iria me concentrar e por último, decidi que se não estivesse funcionando iria começar a tomar Ritalina mas que não iria desistir e abandonar mais um projeto de forma alguma. Bom mas...não deu certo.
O diferente dessa vez é que eu não fugi, não tenho por que mentir mas se falar é difícil de acreditar... eu perdi a hora e acordei 1h da tarde no terceiro dia de trabalho....minha cara foi no chão...não sabia o que pensar e o que fazer...eu tinha tomado Rivotril no dia anterior pra dormir na hora certa, será que foi isso que não me deixou ouvir o despertador? (se é que tocou). Enfim, ainda estou tentando digerir essa história toda pois eu realmente não queria sair de lá...mas o que explicar numa situação dessas? Eu já havia chegado atrasado nos dois primeiros dias e no terceiro chegar 14h pra trabalhar? Não tive ação, apenas aceitei que talvez não fosse para mim afinal era só mais um fracasso...sei lá se fiz a coisa certa...mas me deu vergonha de expor uma imagem de que não tem responsabilidade...estou fugindo disso!
Este circulo vicioso de abandonar projetos vem desde criança sei lá...já quis tanto fazer tanta coisa e depois vou largando para trás...perco o interesse em um clique! É uma bagunça...
Nos últimos 2 anos não sei contar quantas entrevistas deixei de ir por achar que não sou capaz de trabalhar como qualquer pessoa...isso me perturba demais.
Meu desejo é provar o contrário de tudo isso, tem que ser possível eu
não sou um vagabundo!
Abraços
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